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Casais de homens relatam alegria e dificuldades no Dia dos Pais.

8 de agosto de 2010



Psicanalista afirma que é preciso enfrentar preconceitos e discriminações. Juíza enfatiza que não há empecilho para adoção por homossexuais.

Angelo Pereira e Pedro Paulo. A foto acima é de
alguns anos atrás. (Foto: Arquivo Pessoal)
Há 13 anos o psicanalista Angelo Pereira comemora o Dia dos Pais com o filho Pedro Paulo, que adotou quando tinha 1 ano e 3 meses. Hoje, aos 50 anos, Angelo vive com o advogado Milton Lopes, com quem já mora junto há cinco anos, e que se tornou padrasto de Pedro Paulo, atualmente com 14 anos. “Neste Dia dos Pais, combinamos de eu comprar um presente para o Milton, ele comprar outro para mim, e o Pedro entregar os dois presentes para nós”, conta Angelo.

O psicanalista relata que eles levam uma vida comum, como qualquer outra família - “o Pedro tem horário para estudar, para usar o computador, para tomar banho” – e que apenas uma vez o filho disse que gostaria de ter uma mãe. “Eu respondi a ele que não sabia onde ela estava, que não sabia do paradeiro dela, e que, se eu soubesse, o levaria para conhecê-la”, recorda Angelo. “O Pedro sente falta da mãe, mas tem um monte de outras coisas que contrabalanceiam esse sentimento, e que o fazem feliz. E, o mais importante, é que ele sabe disso”, complementa. Muito tímido, Pedro é avesso a tirar fotos, mas endossa o que Angelo diz: "No Dia dos Pais, vou dar um presente para ele. Eu amo muito o meu pai."

A experiência da adoção foi relatada em livro por Angelo: “Retrato em Branco e Preto – Manual prático para pais solteiros”. Acostumado a entrevistas e a falar sobre a adoção de crianças por homens homossexuais, ele ressalta que é necessário enfrentar com pulso qualquer espécie de discriminação e preconceito. “Eu entendo o temor de casais homossexuais em falar sobre a adoção de crianças. É um temor fundado. Mas tem que ser homem para enfrentar”, enfatiza o psicanalista.

Adoção como solteiro ou casal?

Outro casal de homens concordou em falar sobre o Dia dos Pais desde que não fosse identificado. Serão usados nomes fictícios: Felipe, Daniel e Sofia, que foi adotada com apenas 7 dias de vida, no início do ano. Felipe e Daniel optaram por entrar separadamente com processos de adoção na Vara da Infância, Juventude e do Idoso, e não como um casal.

“Fizemos separados porque juntos, como um casal, demoraria mais, seria mais difícil. A gente não queria brigar na Justiça, mas adotar uma criança”, conta Felipe, temendo alguma espécie de preconceito durante as etapas para a adoção. “Tivemos que colocar no questionário que somos solteiros, apesar de há dez anos estarmos juntos. Há seis morando na mesma casa. Só não estamos mais juntos por causa da lei brasileira, que não permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo”, acrescenta Daniel.

Neste primeiro Dia dos Pais, o sentimento deles é ambíguo: emoção e alegria pela chegada de Sofia, e uma certa frustração por não poderem falar abertamente sobre o assunto, e por não terem adotado Sofia como um casal. Apenas Daniel está registrado como pai dela. Felipe ainda não teve resposta ao pedido de adoção que fez separado.

“Volta e meia me pego pensando: ‘Caramba: é o nosso primeiro dia dos pais!’ Ao mesmo tempo acho triste e chato o fato de não poder, no futuro, assinar um papel dela na escola”, lamenta Felipe. “Um fez o registro e o outro é pai de coração. Acho que se a gente revelasse nosso nome nesta reportagem, poderia prejudicar o processo de adoção”, acrescenta. Daniel explica que o processo de adoção tem um período de adaptação de um ano. “Depois desse prazo, é que recebo a certidão definitiva de adoção”, complementa.


Juíza da Infância ressalta que não há empecilho para adoção

Titular da 2ª Regional da Capital da Infância, Juventude e do Idoso, que abrange a Zona Oeste do Rio de Janeiro, a juíza Cristiana Cordeiro de Faria admite que, há algum tempo, havia resistências na Justiça para a adoção de crianças por homossexuais, mas que isso mudou.

“Historicamente, realmente, havia uma questão da não aceitação por parte da Justiça. Não se falava sobre isso. Mas temos desbravadores nessa história e isso é muito significativo, com êxito para a criança”, ressalta a juíza. “Se o casal, seja homossexual ou heterossexual, tem condições de dar amor, e de manter a criança, isso é o que importa. A gente não vê a adoção sob a ótica do adulto, mas sob a ótica da criança”, acrescenta.

Cristiana Cordeiro enfatiza que a Justiça não pode fechar os olhos para o que acontece na sociedade. “Hoje, a gente está em um momento maravilhoso, de quebra de hipocrisias”, destaca a juíza.



Projetos querem proibir adoção


Entretanto, na contramão da opinião da juíza, dois deputados conseguiram a tramitação de dois projetos de lei, na Câmara Federal, em Brasília, contra a adoção de crianças por homossexuais.

Daniel está ciente dos projetos, mas isso não o impediu de entrar com um novo pedido de adoção, desta vez junto com Felipe, para conseguir uma irmã, ou irmão, para Sofia. “Esse vai ser o primeiro Dia dos Pais. Vai ser muito emocionante. Desta vez é a minha vez de ter um Dia dos Pais”, conclui.

E, para demonstrar o tamanho do seu sentimento por Pedro, Angelo não titubeia: “O amor pelo Pedro Paulo tem o tamanho da minha vida. E eu desafio que qualquer exame de DNA afirme que o Pedro não é meu filho.”

http://g1.globo.com/especiais/Dia-dos-Pais/noticia/2010/08/casais-de-homens-relatam-alegria-e-dificuldades-no-dia-dos-pais.html




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Profissão Repórter entra no mundo da Adoção

5 de agosto de 2010


Parte 01


Parte 02


Parte 03


Parte 04



Parte 05



Parte 06

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Profissão Repórter mostra a rotina da maior vara de adoção do país

3 de agosto de 2010




HOJE (03/08 - TERÇA-FEIRA) NO PROFISSÃO REPÓRTER:

Profissão Repórter entra no mundo da adoção.

Profissão Repórter mostra a rotina da maior vara de adoção do país A repórter Thais Itaqui acompanha um processo de adoção internacional do começo até a conclusão. E mostra a história de irmãos brasileiros que foram morar com novos pais na Itália. Em São Paulo, a repórter Gabriela Lian registra o trabalho da maior vara de infância do país. São 1300 crianças sob a responsabilidade da justiça - 60 delas terão o futuro decidido por um único juiz.
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Projeto Aconchego ajuda a adotar crianças com mais de 2 anos (Apoiado pelo Criança Esperança 2010)

1 de agosto de 2010



Em Brasília, há 160 crianças à espera de adoção e 430 famílias querendo adotar. Mas se a criança tiver mais de 2 anos, é comum a desistência dos interessados.

O menino Alessandro é um belo exemplo de sucesso do Criança Esperança, uma parceria TV Globo-Unesco.

Alessandro conquistou uma família através do programa "Caminhos para a Adoção", do Projeto Aconchego. Apoiado pelo Criança Esperança, o programa ajuda a quem quer adotar crianças com mais de 2 anos de idade.

Levado e brincalhão, Alessandro anda impossível, como todo moleque de 10 anos.

Adotado aos 7 anos, Alessandro é uma exceção. A figura idealizada do bebê prevalece no imaginário de quem quer adotar. “O bebê está sempre limpinho, cheirando a perfume, óleo disso, óleo daquilo”, diz o funcionário público Roberto Shayer Lyra.

Roberto e Helena já tinham Gabriel, mas quem disse que filho tem de ser desde o nascimento? “Filho é de algum momento até a vida inteira”, defende Roberto.

Existem hoje, em Brasília, 160 crianças à espera de adoção. E, na outra ponta, 430 famílias querendo adotar. É de se esperar, portanto, que nenhuma criança fique sem família. Se for bebê, isso é verdade. Mas se a criança tiver mais de 2 anos, não é incomum a desistência dos interessados.

“Geralmente os candidatos preferem crianças recém-nascidas, às vezes brancas, sem irmãos, sem muita história”, conta a psicóloga Maria da Penha Oliveira Silva, coordenadora do projeto ‘Caminhos para a Adoção’.

Reunião do “Projeto Aconchego”, de Brasília. “A gente tem muita urgência pra adotar, mas não pode ter pressa”, diz a psicóloga Monique Ramos de Araújo Coelho.

Candidatos a adotar. Pais e mães que já adotaram. Em comum, dúvidas e angústias da adoção tardia.

“Você tem um bebê, você já tem mais ou menos um cronograma. Ele vai sentir cólica, ele vai chorar, ele vai precisar de peito. Uma criança de 6 anos que vem com o histórico que eles vêm, que vivencia o que eles vivenciam, você não sabe qual vai ser a cólica dele”, pondera a funcionária pública Vanessa Santos.

“Deixa eu pentear seu cabelo: não! Deixa eu vestir você: não! Deixa eu tocar em você: não! Meu marido falou assim: era isso que você esperava? Eu falei: não!”, conta a funcionária pública Rosana Brandão.

As crianças brincam na sala ao lado. Enquanto os pais entendem porque elas vêm com uma casca de proteção.

“Com o tempo, ele vai endurecendo, ele vai tendo uma outra camada. Agora, se as nossas crianças da adoção tardia não tivessem endurecido, aconteceria isso com elas”, analisa a psicóloga do Projeto Aconchego, Soraya Pereira

O projeto ajuda cada um a encontrar um jeito de romper a casca e entender a criança. “Há um lugarzinho onde eu consiga quebrar com cuidado direitinho”, diz um homem.

“Parece que pelo meio é mais suave”, orienta a psicóloga.

Com todos os acertos e, claro, com os erros da aprendizagem. “Esse momento aqui pra gente é essencial, ele é fundamental,”, afirma Vanessa Santos.

“Filho não sai da gente, filho entra. Cada dia você tem mais intimidade, cada dia você se aproxima mais, e assim é a relação de filiação”, ensina Soraya Pereira.

Como Alessandro entrou na vida de Roberto e Helena. Para nunca mais sair. “É aquele amor doidinho dentro, que de vez em quando a gente para e fica olhando pra carinha dele e pensa: como eu gosto desse menino!”, confessa a funcionária pública Maria Helena da Silva.

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