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Nova Série "Filhos do Coração" : Conheça o momento em que a família se forma

30 de dezembro de 2009


 

 

Hoje você vai conhecer duas mães: uma que mudou a vida para ficar perto dos filhos e outra que descobriu a maternidade adotando uma adolescente.



Dez meses longe dos filhos. Odete queria poder esquecer. “Chorava dia e noite, dia e noite sem parar...”, fala Odete Alves Borges, diarista.


As crianças foram para um abrigo por causa das agressões do padrasto. A mãe recebeu apoio de uma Organização Não-Governamental para ter os filhos de volta.

Odete se separou do marido agressor, alugou uma casa, conseguiu emprego e a justiça avaliou que ela podia cuidar das crianças. “Todos os dias eu agradeço por acordar, olhar para o lado e meus filhos tão ali”.


A nova lei da adoção reafirma o que já estava previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente: a prioridade é que os filhos fiquem com as famílias biológicas. Desde que a família dê um ambiente seguro para a criança, sem violência doméstica, livre do uso de drogas.


“O direito é sempre da criança. Pai e mãe têm obrigação com a criança, não tem direito dela. A criança é que tem direito a estar com seu pai e sua mãe se eles forem bons para ela”, explica José Antonio Daltoé, juiz.


Em muitos casos as tentativas de reaproximação com a família podem ser traumáticas.

“O que acontece é que essas famílias precisariam de um tempo enorme para se reestruturarem e as crianças estão crescendo e não dá para gente aguardar. É como se fossem relógios que rodam com ponteiros e velocidades distintos. O relógio da criança gira muito rápido e o relógio da família gira devagar, é um tempo longo demais que a gente não pode aguardar com a criança ali abrigada, apartada da sociedade”, esclarece a juíza, Cristina Cordeiro.

Foi o que aconteceu com cinco irmãos que vivem num abrigo em Petrópolis, na região serrana do Rio. Vieram porque sofriam graves maus tratos. Depois de dois anos sem receber visitas, em 2007, famílias se interessaram pela adoção.

Contudo, a mãe reapareceu. A justiça mandou todos eles de volta para casa e um mês depois, foram novamente abandonados. O choque foi tão grande, que hoje apenas o caçula sonha com novos pais. “Eu todo dia eu rezo. Eu falo para ele para me ajudar a achar uma família que gosta de mim mesmo”, fala a criança.


Amor... Esse é o segredo para mudar a vida de crianças que passaram parte da infância em abrigos e o que não falta é gente interessada em participar dessa transformação.


Numa sala encontramos pais dispostos a aprender. O caminho pode até parecer difícil, mas juntos, com a troca de experiências, eles aprendem como lidar com as situações do dia-a-dia e como construir uma relação de confiança com os filhos.


A felicidade é contagiante. Os grupos de adoção espalhados pelo país têm ajudado a aumentar a quantidade de crianças maiores de três anos e adolescentes adotados.


“Eu falo que adoção tardia tem que ser um encontro de um com o outro, tem que ser um encontro entre você o outro, não é assim ah eu quero adotar uma menina de onze anos e tal no papel, mas eu tenho que enxergar a menina, a menina tem que me enxergar”, diz Fabiana Toledo, psicóloga.


Um encontro como a Thainá, de 12 anos, e os novos pais. “Foi amor a primeira vista, ai a gente começou, ai ela também foi se chegando”, fala a mãe de Thainá.

“Ela sempre tímida olhava pra mim ria, eu comecei a brincar com ela, ‘pô tu não fala não’, comecei a brincar com ela”, completa o pai.

A relação foi construída aos poucos. Um ano de visitas para Thainá vencer a timidez e fazer o pedido: “Tia eu quero falar um negócio com você, mas esse negócio demorou uma meia hora pra falar, deu a volta ao mundo pra poder falar, ficou alisando a minha mão, alisando minha mão, não foi filha, a voz trêmula, suava a mão, eu queria bem que você fosse minha mãe e tio Dinilson fosse meu pai, quando ela falou isso eu não podia falar nada. Respirei fundo, eu falei vamos pedir a deus. Foi assim”, conta a mãe.

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Nova Série "Filhos do Coração" : Conheça a nova lei de adoção.

29 de dezembro de 2009



A nova lei da adoção é a grande esperança para mudar a vida de crianças que vivem em abrigos no Brasil. Ela define prazos para evitar que meninos e meninas cresçam sem família.

“Com quem você quer morar?”. Essa é a maior dúvida dos dois irmãos. Eles passaram quase a vida inteira no abrigo. 
O problema é que não há previsão para eles saírem do abrigo. Os assistentes sociais passaram longos cinco anos tentando convencer a mãe biológica a aceitar os filhos de volta, mas ela não quis. Só então foi aberto o processo na justiça, que já dura três anos.
“O que essa lei tem de diferente é a fixação de um prazo para que o juiz decida. Nunca se enfrentou essa questão com a fixação de um prazo”, esclarece a vice-presidente da Associação dos Magistrados do Brasil, Andréa Pachá.
Agora o processo para acabar com o vínculo entre os pais biológicos e a criança, a chamada destituição do poder da família, deve correr em quatro meses. A situação de cada criança que está no abrigo tem que ser reavaliada de seis em seis meses.
O grande desafio é tornar o abrigo um lugar realmente de passagem. Por isso a nova lei determina: a criança só pode ficar no máximo dois anos. Apenas o tempo para o juiz decidir o que é melhor: a volta para casa ou a adoção.
“O que está acontecendo com o cadastro é que, a criança não é inserida no cadastro, mas ela está em condições de ser adotada porque ela está realmente largada pela família, abandonada e por outro lado tem famílias querendo”, comenta a juíza, Cristiana Cordeiro. Agora os juizados são obrigados a atualizar as informações ou... “Existe uma pena de multa na nova lei de R$ 1 mil a R$ 3 mil de não alimentação ou alimentação incorreta do cadastro, o que é muito bom”, diz Cristiana. Assim, quem sabe, mais famílias vão ser formadas.
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Nova Série "Filhos do Coração": Crianças continuam esperando por pais adotivos

28 de dezembro de 2009


 

O JH preparou uma série de reportagem para discutir as mudanças na legislação. Esperança e expectativa das crianças que estão em abrigos e também dos pais que esperam há muito tempo por um filho.

Na primeira reportagem da nova série ''Filhos do Coração'' os repórteres Gabriela de Palhano e Rogério Lima voltaram aos abrigos que eles visitaram em fevereiro de 2008. Quase dois anos se passaram desde a última vez que estivemos em um abrigo em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Até agora nada foi feito para realizar o sonho de um menino: ter uma família.

O Jornal Hoje contou a história dele e de mais seis crianças de outros abrigos brasileiros e revelou os casos sem mostrar os rostos e nem os nomes verdadeiros.O tempo passou e apenas uma foi adotada. As outras... Não tiveram nem a chance de ganhar uma nova família. Os processos estão parados, não há autorização da justiça para a adoção.

O Rio de Janeiro é uma das poucas capitais com dados atualizados sobre as crianças de abrigos: são 3.358.
Dessas crianças, 31% estão nas instituições há mais de seis meses e não têm sequer um processo aberto para decidir se elas podem voltar para as famílias de origem ou se devem ser adotadas.

A maioria das crianças tem poucas chances de retornar para casa. Elas foram abandonadas, sofreram abusos ou são filhas de dependentes químicos. Metade não recebe visita e mesmo assim - legalmente - continua ligada aos pais e o pior: o processo para acabar com esse vínculo nem foi iniciado.

Os juízes culpam a falta de estrutura. “Os juízes que trabalham com essa área tem sempre a mesma reclamação quanto a falta de estrutura, dificuldade pra captar uma equipe técnica, um grupo responsável pela fiscalização dos abrigos pela permanente e necessária participação no dia-a-dia dessas crianças” explica Andréa Pachá, vice-presidente da Associação dos Magistrados do Brasil.
Quando os anos passam e as crianças continuam nos abrigos elas perdem um direito básico garantido por lei há 19 anos: o de crescer numa família. Em Porto Alegre o judiciário age com rapidez para evitar que elas fiquem sem o amor de um pai ou de uma mãe. Hoje todas têm a situação acompanhada pela justiça - o que diminuiu muito o tempo de permanência das crianças nessas instituições.




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